Provavelmente você deve sabe que o Eclipse é uma IDE (Integrated Development Environment) para desenvolvimento em Java, certo? Errado! O Eclipse é uma ferramenta muito mais poderosa que isso.
História
A IBM, originalmente, idealizou o que mais tarde viria a se tornar a Eclipse Platform com a intenção de resolver uma fonte de reclamações constantes por parte de seus clientes: As várias ferramentas IBM pareciam vir de companhias distintas e simplesmente não funcionavam juntas. Faltava consistência. De quebra, essa solução ainda diminuiria a replicação de código comum, coisa que é sempre bastante benéfica.
Depois de construída, a plataforma era boa o suficiente para ser difundida, então a IBM resolveu fazer uma IDE sobre essa plataforma e distribui-la gratuitamente com o intuito de divulgar a plataforma. Dessa forma a IBM mataria dois coelhos com uma única cajadada. Divulgaria a plataforma Eclipse e ainda faria frente ao VisualStudio da Microsoft.
Infelizmente os parceiros da IBM ficaram apreensivos em investir na plataforma desconhecida e isso levou a IBM a abrir o código do Eclipse em 2001. Foi fundado então o Eclipse Consortiun que ainda contava com outras oito empresas. Um fato interessante é que o domínio eclipse.org pertencia a um time de futebol feminino numa cidade chamada Illnois. Óbvio que a IBM fez uma oferta irrecusável pelo domínio...
Depois disso o Eclipse passou ser bastante conhecido, mas algo ainda afastava investidores. Parecia que a IBM estava no controle de tudo... Foi quando nasceu a Eclipse Foundation, uma empresa sem fins lucrativos e completamente desligada da IBM. Este modelo é empregado até hoje, e que vem dando muito certo por sinal.
Eclipse Foundation
O Eclipse pode ser usado como IDE Java, e essa é, certamente, sua faceta mais divulgada. Porém, também pode ser usada como IDE para várias outras linguagens como C/C++, PHP, Ruby, JavaScript e HTML. Ai você me diz: "Tá, e daí?". Daí que não acabou ainda não! Além disso a Eclipse pode ser usado pra construir qualquer outro tipo de ferramenta ou aplicativo. O Eclipse consiste de uma plataforma para construção de aplicativos em geral. Segundo a Eclipse Foundation o Eclipse é:
- IDE Framework
- Tools Framework
- Open Source/Community
- Eco-system
- Foundation
1. IDE Framework
O Eclipse é sim uma IDE, mas também uma IDE C/C++, Ruby, etc. Na verdade é possível integrar qualquer coisa no Eclipse, até mesmo UML ou um editor de imagens avançado.
2. Tools Framework
Com plug-ins é possível transformar o Eclipse no que for preciso.
Alem disso, removendo a IDE o que sobra é um poderoso Framework para aplicações: o Eclipse RPC. E qual a vantagem? É multiplataforma, afinal o Eclipse roda em Windows, Linux e Mac; Possui integração nativa com o OS (Drag'n'Drop, OLE...); Uma larga variedade de widgets prontos.
3. Open Source/Community
Todo código do Eclipse é aberto. Há milhares de contributors, centenas de commiters, centenas de plug-ins comerciais, incontáveis blogs de entusiastas (não é meu caso... juro!) e portais, etc.
Saiba o que são contributors e commiters na próxima sessão.
4. Eco-system
Eu sempre quis saber quem faz o código do Eclipse. E a resposta é: o Ecossistema.
Calma, eu explico. O Eclipse é um projeto de código aberto, certo? Logo qualquer um pode contribuir para o projeto. Eu, você, seus amigos, meus amigos, nossas vós, etc. O que precisamos fazer é escolher uma CR no Bugzilla deles e submeter uma solução, assim nos tornamos contributors. Pronto, seu código vai direto para a Baseline do projeto, não é? Não mesmo! Ai que entram os commiters. Só eles tem acesso ao repositórios do projeto e eles tem a obrigação de revisar seu código e assegurar que ele funciona para, só então, integra-lo. Não se preocupe o crédito da resolução do problema ainda será seu. Se você for um bom contributor, pode até virar um commiter. Para isso, basta que um dos commiters indique você e que os outros aprovem sua promoção (se fosse aqui no Brasil rolariam altos nepotismos...).
Nesse momento você se pergunta: "E onde diabos entra o Ecossistema nisso?". Simples. A maioria dos desenvolvedores que trabalha nos vários projetos do Eclipse são engenheiros contratados por alguma empresa grande que está por trás do projeto, pois é de seu interesse. Interessante, hein?
Várias empresas contribuem para o Eclipse Platform, dentre elas gigantes como a Intel, Nokia, Motorola, IBM, Borland, Oracle, SyBase e Wind River.
5. Foundation
A Eclipse Foundation e uma organização sem fins lucrativos que emprega basicamente de advogados (alguém estava esperando que eu falasse desenvolvedores?). Eles ficam lá analisando a legalidade dos projetos. De acordo com a licença EPL (Eclipse Public Licence) todo código do Eclipse é livre e qualquer um pode modificá-lo contanto que submeta a sua modificação, porém se você apenas usa, digamos, o RPC para fazer sua aplicação, sem altera-lo, é possível que você adicione o RPC à seu software sem violar a licença. Essa é a grande diferença para o GPL.
A EPL também garante que o código EPL é de inteira responsabilidade da Eclipse Foundation. Isso significa que caso você venha a sofrer um processo judicial por causa do código EPL que você distribuiu com sua aplicação a Eclipse Foundation se responsabiliza completamente (apesar de soar estranho aqui, nos US e na Europa isso é normal). Entendeu por que a Eclipse Foundation tem advogados em vez de desenvolvedores?
O nome Eclipse
O nome Eclipse tem uma história interessante. E, ao contrário do que muitos pensam, não é uma afronta direta a Sun e o NetBeans, apesar de que, a Sun por muito tempo, se recusou a fazer parte do ecossistema por causa desse nome. O fato é: quem a IBM realmente queria "eclipsar" era a Microsoft que na época do lançamento do Eclipse era claramente o líder do mercado de IDEs com o VisualStudio.
Fontes:
History of Eclipse
Eclipse: Behind the Name
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